Sem título
um cenáculo me espera, sombras dançam debaixo das magnólias por torres mirando o céu em olho, passo em sonho esquecidos montes! um trato longe como um tapete, eu sou o sol, eu sou a liberdade, uma herdade de outroras esquecidos horários tropeço no tempo onde sombras dançam, no jardim das migalhas. sobre o mar iluminado sonhei que era uma onda a vagar.. eras e vaguei acariciado pelas sombras do luar. Vaguei por essas bandas, vaguei para ser livre do meu suor refletido nas flores; a chuva era forte, me trazia lágrimas, então minha cidade foi submersa e os escombros me levaram à praia. A bela praia inundou e a areia falava comigo. I. A areia tremante um dia fui moça, disse a areia tremante, disse-me isto, enquanto tremia. um dia abriu-se na minha pequena vila um buraco; já disse, era eu uma moça e por isso ao céu agradecia. Era eu uma moça, dizia a areia em tons calmos, que temiam, mas no céu de minha pequena vila estava o buraco; nisto o disparate consistia, nisto estava o problema. Havia nesse tempo na minha vila um senhor de idade, que desde que abrira no céu o buraco não comia, não dormia, falar não falava palavra. E toda a vila só conversava sobre a lenda do buraco. Nos tempos esquecidos do rei D. Engo no rio de minha vila, havia grande acúmulo de sedimentos, jogados pela fábrica de minérios como guimbas jogadas ao vento. E então, em sua sabedoria naqueles dias o senhor de idade (a sabedoria é a avó da liberdade) nos ajuntara em roda. E a nós dizia: Porque aos sedimentos dos tempos de D. Engo nunca se pôs um dreno, a areia do próprio rio temerá em tempo futuro como tremerá o sangue na veia do nosso próprio povo. Mas calavamos-nos em roda, e o senhor dizia: Por isso tremo. (Tremia a areia, dizia coisas terríveis.) Falava de morte, contava os dias, e os dias para ele vinham como cavalos em chamas. De qual parte e de que modo vieste, perguntava aos viajantes. Dizia o senhor, Era contigo o universo, meu tamanho imerso no mar era pouco, amar era pouco e o amor era rouco de amar. Era então a luz; rogou-se à luz: E que mal fizera Jesus, que não fora a dor redentora da palavra dos filhos da luz?
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